Número de estupros denunciados no estado dobrou em um ano, conforme dados do Ministério da Justiça e Segurança Pública. A cada 8 horas, uma mulher é estuprada na Paraíba
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A cada oito horas, uma mulher é estuprada na Paraíba. Os dados do Ministério da Justiça e Segurança Pública da Paraíba indicam que, em 2024, 1.170 casos de estupro foram denunciados, sendo 1.057 mulheres – o número é mais que o dobro do que foi registrado nos anos anteriores: em 2022, foram 509 vítimas e em 2023, 575. Em três anos, a variação é de 129,86%.
Isso significa que no último ano, 3 pessoas foram vítimas de estupro por dia, na Paraíba. Outubro foi o mês com mais crimes contabilizados, com 123 casos em 2024 e 65 casos em 2023. Cerca de 90% das vítimas de estupro registradas entre 2022 e 2024 são do sexo feminino, totalizando 2.041 mulheres entre as 2.254 vítimas.
Para a jornalista e pesquisadora em gênero e comunicação, Mabel Dias, o cenário reflete uma violência estrutural na sociedade brasileira contra as mulheres, em que elas são vistas como um objeto de posse.
“É importante ressaltar que esse aumento demonstra que estão acontecendo mais denúncias, ou seja, que os serviços especializados estão sendo procurados para denunciar os casos de violência sexual. Por outro lado, o número de vítimas reais pode ser ainda maior, porque há muita subnotificação. Muitos casos que não chegam no sistema, seja por medo, por vergonha, acabam acontecendo isso”, explica a especialista.
A advogada Laura Lopes, explica como esse processo estrutural tem se configurado na sociedade.
“Podemos fazer duas interpretações diante dessa situação: a primeira seria de fato o aumento exponencial da violência, e a segunda seria realmente o aumento das denúncias, porque, infelizmente, a gente sabe que os casos de subnotificação, quando há crime de violência sexual, são muito altos. Porém, de um tempo pra cá, a mulher tem sido encorajada a realmente buscar o poder público e fazer a denúncia. E esse aumento a gente também pode atribuir a, justamente, essas denúncias que as mulheres têm feito e que a cada dia mais, o poder público e a sociedade como um todo tem se preocupado em acolher essa mulher e encorajar, juntamente para que a gente consiga combater esse tipo de violência”, detalha.
A sociedade, por sua vez, tem papel primordial na resolução de um problema que, além de estrutural, é histórico e sintomático.
“O ideal é que essas pessoas tenham acesso à informação. A sociedade precisa ser educada para combater esse tipo de crime. Então, o encorajamento, as palestras em escolas, as pessoas que estão por perto também desse adolesente, criança ou mulher, precisam estar atentos para combater, porque uma sociedade unida, com certeza consegue combater esse tipo de crime, esse tipo de violência de forma mais assertiva”, explica a advogada Laura Lopes.
Onde buscar atendimento
Acolhida – A Casa Abrigo Aryane Thaís é um local seguro e sigiloso para onde mulheres são encaminhadas quando correm risco de morte. Dependendo do caso, as vítimas podem ser encaminhadas para Casa Abrigo de outros estados.
Ronda Maria da Penha – O serviço é disponibilizado para as mulheres que já fizeram a denúncia e têm medida protetiva. A Prefeitura de João Pessoa executa esse apoio por meio das equipes da Secretaria Extraordinária de Políticas Públicas para Mulheres (SEPPM) e Guarda Municipal.
Sala Lilás – na Maternidade Frei Damião – O ambiente é destinado ao acolhimento de mulheres vítimas de violência sexual que procuram a maternidade em busca de apoio emocional e assistência em saúde. A unidade é referência do Programa de Atendimento às Mulheres Vítimas de Violência Sexual (PAMVVS), oferecendo cuidado multiprofissional no eixo psicossocial e médico para as vítimas.
Canais de denúncia
180 – Central De Atendimento A Mulher
197 – Polícia Civil
190 – Polícia Militar
153 – Ronda Maria da Penha
0800 283 3883 – Centro de Referência da Mulher – João Pessoa
*Sob supervisão de Dani Fechine
A cada 8 horas, uma mulher é estuprada na Paraíba
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